O euro e a libra esterlina continuam a cair em meio a um crescente discurso de que o Banco Central Europeu (BCE) provavelmente estará entre os primeiros a começar a reduzir as taxas de juros no próximo ano. O fato é que há riscos reais de empurrar a economia da zona do euro para uma recessão devido a uma luta agressiva contra a inflação.

Na última reunião deste ano, as previsões do BCE e as declarações que as acompanham serão de vital importância. Muitos formuladores de políticas, inclusive a Presidente Christine Lagarde, estão avaliando o grau de agressividade com que devem resistir às expectativas do mercado de cortes nas taxas de juros. Com o rápido enfraquecimento da inflação, uma economia frágil e uma mudança de postura por parte de muitos formuladores de políticas hawkish do BCE, os traders esperam um corte nas taxas já em março do próximo ano. Atualmente, eles preveem que, até o final de 2024, as taxas de juros na zona do euro cairão para 2,5%, enquanto que, na semana passada, eles previam que os custos dos empréstimos permaneceriam acima de 3%.

O euro está reagindo a essa queda. As conversas sobre esse cenário estão em andamento desde o início de dezembro. Isso explica por que o par EUR/USD vem caindo. Em relação à perspectiva técnica, os compradores agora precisam considerar como recuperar o controle sobre o nível 1,0780. Se os touros planejam ganhar o controle sobre o mercado, eles devem rapidamente atingir 1,0810. A partir deste nível, o par pode avançar para 1,0840. No entanto, será bastante desafiador fazer isso sem o apoio dos principais traders. O alvo final é a alta de 1,0870. Caso haja uma queda, espero ações significativas dos principais compradores apenas em torno de 1,0740. Se eles não conseguirem ser ativos lá, seria prudente esperar por um novo teste do mínimo em 1,0720 ou abrir posições de compra a partir de 1,0670.

Se as previsões dos mercados estiverem corretas, o BCE será o primeiro entre os principais bancos centrais a reduzir as taxas no próximo ano, concluindo um ciclo agressivo de aperto das políticas. Entretanto, as autoridades europeias não estão se apressando em agir, embora suas novas previsões precisem levar em conta a mudança na situação econômica com uma perspectiva de preços mais baixos.

A situação desafiadora enfrentada pelos formuladores de políticas se assemelha a dezembro de 2021, quando as autoridades hesitaram em aumentar as taxas de juros em meio à postura agressiva do Federal Reserve dos EUA. Isso resultou em um aumento da inflação e em uma batalha que atualmente está em andamento a todo vapor. Agora, a Presidente do BCE, Christine Lagarde, e seus colegas enfrentam um dilema semelhante, debatendo-se com a questão de qual erro é preferível: reduzir as taxas muito cedo e permitir que a inflação volte a subir ou diminuir ainda mais o crescimento econômico, que recentemente não tem sido nada brilhante.

Como mencionado anteriormente, na próxima semana, o BCE divulgará previsões mais abrangentes, que incluirão um processo semestral de coleta de dados. As previsões de dezembro são as únicas entre as quatro projeções anuais que abrangem um horizonte mais longo, incluindo 2026. Anteriormente, o BCE previa uma inflação média de 3,2% no próximo ano, retornando à meta de 2% no segundo semestre de 2025. No entanto, essa previsão parece desatualizada, já que o crescimento dos preços ao consumidor em novembro desacelerou para 2,4%, o nível mais baixo desde meados de 2021.